Diante de tantas opiniões descabidas a respeito do cristianismo e da mulher é muito pertinente uma consideração mesmo breve sobre como a Bíblia desde os tempos do AT tratava as mulheres e porque esse modelo continua sendo o mais seguro, justo e adequado para as mulheres de hoje.

UM HISTÓRICO DESFAVORÁVEL

Em uma breve consideração histórica sobre como os homens viam as mulheres é sabido que os gregos consideravam a mulher um castigo dos deuses contra o homem como se pode ver no mito de Pandora, da Medusa e no rapto de Perséfone entre outros.

De modo análogo os romanos a viam como uma propriedade, os nórdicos diziam que se fosse de um outro povo poderiam ser estupradas livremente, nas culturas pré-colombianas das Américas sempre tiveram um papel secundário, Na China eram totalmente sujeitas aos caprichos dos homens, em algumas culturas africanas se cultua um ancestral por ter pegado a primeira mulher em uma armadilha para animais.

Estes exemplos pontuais mostram como as mulheres eram oprimidas em todas as culturas e religiões antigas, somente com o estabelecimento do monoteísmo com Abraão que a situação veio mudar na região da Mesopotâmia. Com isto se percebe que apesar das religiões monoteístas serem chamadas de machistas, na verdade, todas as religiões pagãs é quem sempre foram.

Nestes contexto, o argumento dos que dizem que a Bíblia é opressora por coadunar com a prática da poligamia não tem fundamentos pois, o texto inspirado longe de defender tal prática mostra apenas que tal costume era muito comum nas culturas antigas sendo aceita com a justificativa de que protegia a mulher, porém, por via de regra sempre tolheu seu direito de se auto sustentar.

É muito comum ver pessoas de grande visibilidade mas pouco entendimento criticar o modelo de família e sociedade patriarcal mas, ao contrário do que dizem esses críticos, as primeiras leis de proteção à mulher vieram exatamente desse período e se encontram tanto na Bíblia quanto em códigos civis como o de Hamurabi. O período patriarcal narrado na Bíblia coincide em grande parte com o período do rei babilônico Hamurabi criador de um código de proteção, do pobre, da viúva, da mulher e do órfão. Diante dessa constatação, vê-se que a sociedade patriarcal embora com características específicas quebrou um padrão de exploração das mulheres no mundo antigo.

A ESTRUTURA FAMILIAR NO PATRIARCADO

Esse modelo funcionou pela forma como o papel de cada membro da família era exercido onde o pai era responsável pela liderança e práticas religiosas e a sua autoridade se estendia inclusive sobre a família dos filhos. O filho mais velho era naturalmente reconhecido como o substituto imediato e herdeiro do pai.

Concomitante, a Bíblia narra a prática da poligamia como aceita culturalmente mas nunca deixou de demonstrar como isso gerava enormes problemas no lar, sendo motivo de intrigas, conflitos familiares, desagregação e disputa entre irmãos, entre pais e filhos e entre as esposas (1 Sm 1.2-6);

No entanto, apesar da poligamia ser socialmente aceita as mulheres não tinham seus direitos primários suprimidos pois lhes era assegurada a liberdade para expressar sua religiosidade e embora sempre houvesse maridos opressores isto não era o padrão (2 Rs 4.22-25).

Semelhantemente, o casamento não era uma decisão unilateral do pai, mas o padrão comum era que se tratava de uma responsabilidade dos pais e dos filhos, a opinião das mulheres era levada em conta, contudo o namoro e o noivado não faziam parte das práticas sociais à época (Gn 28.1-3).

Naquele contexto a maior inspiração para um homem que queria se casar vinha do pai, pois como marido ele tinha a responsabilidade de dar um tratamento exemplar à esposa (Gn 12.11, 24.67, 29.17,18). O pai era exemplo de amor tanto pela esposa quanto pelos filhos (Gn 21.11, 25.28, 46.29,30), assim jamais poderia incorrer no erro de ser negligente nos seus deveres por isso buscava a segurança religiosa e financeira para sua família (Gn 24.36-38).

PATRIARCAS NA SOCIEDADE CIVIL

No modelo patriarcal a liderança da casa era do homem, pois era ele quem tinha o dever de proteger a mulher e as filhas em um mundo sem direitos, sem justiça e sem leis universais, foi isto que os patriarcas da Bíblia fizeram, nunca o que dizem hoje de que eram homens violentos e opressores.

Por causa da defesa do marido e pai em favor das mulheres de sua família alguns direitos começaram a surgir como por exemplo o fato de que o casamento passou a acontecer mediante um acordo familiar que envolvia inclusive a preterida, ocasião em que se firmava o compromisso de que era proibido o homem negligenciar ou agredir sua mulher.

Outro direito foi que em caso de abandono a mulher não precisava ficar presa ao marido, assim como no adultério o casal era condenado à pena de morte e não apenas a mulher. No caso de estupro e incesto o culpado deveria morrer, o que nestes casos normalmente era o homem, pois é quem costuma tomar a iniciativa nesses casos extremos.

A sociedade patriarcal, portanto, foi uma das primeiras a legislar a favor da mulher e reconhecer seus direitos, não lhe deu apenas voz e segurança mas lhe deu inclusive garantias de bem-estar a exemplo do dote que recebia ao casar o qual ficava sob a tutela do pai e servia de uma segurança financeira em caso de divórcio ou abandono.

Esse modelo de família dizia entre outras coisas que era dever do marido suprir e proteger a família, o abandono era acompanhado de sérias consequências para o homem ao contrário do que dizem os críticos, o homem que não cumpria devidamente com seu papel de marido e pai era rejeitado pelo restante da sociedade, o que implica dizer que a mulher não era simplesmente abandonada e esquecida sem que ninguém se importasse.

Alguns exemplos bíblicos mostram claramente como a mulher era valorizada no período patriarcal, a dificuldade em aceitar esse fato não está no texto inspirado, mas em que o rejeita mesmo que ele fale a verdade. Vejamos os exemplos: a mulher era ouvida e respeitada pelo marido (Gn 21.8); embora o casamento fosse acordado entre os pais não acontecia sem o consentimento dos filhos (Gn 24.57,58); a participação direta dos pais se dava por conta da pouca idade dos filhos ao se casarem; apesar de não ser evidenciado o sentimento era levado em conta nas decisões sobre matrimônio (Gn 29.18).

A REGULAMENTAÇÃO DOS DIREITOS

O período patriarcal preparou o ambiente para o estabelecimento da lei sob a liderança de Moisés o qual legislou a favor das mulheres tendo por base os padrões patriarcais para a família e para a sociedade com todas as implicações que isto tinha. Foi neste período que passou a existir leis específicas a favor da mulher, alguns exemplos citados abaixo deixam isso muito claro.

  • Em caso de estupro (Dt 22.25,26);
  • Falso testemunho contra a mulher (Dt 22.13-19);
  • Envolvimento sexual antes do casamento (22.28,29);
  • Pela dignidade da mulher (Dt 24.3,4);
  • Caso de prostituição principalmente entre casados (Dt 5.18, 22.22-24);
  • O dote como segurança financeira para a mulher (Ex 22.16,17);
  • A lei sobre a herança era flexibilizada em favor das mulheres (Nm 27.8);
  • O homem tinha o dever de dar proteção à mulher (Rt 2.20).
  • Pai e mãe deveriam ser honrados (Ex 20.12; 21.15,17);
  • A mulher grávida era protegida pela lei (21.22);
  • A mulher tinha acesso a educação (Dt 31.12, Nm 8.2,8);
  • Liberdade de prestar culto e serviço religioso (Ex 38.8);
  • O marido deveria respeitar o ciclo fisiológico da esposa (Lv 18.19);

Diante de tantas evidências é muito natural entender por que o padrão de família continua sendo a Bíblia, porque o modelo de pai, mãe, marido, esposa e de filhos encontrado nas Escrituras é o modelo a ser seguido mesmo à revelia do pós modernismo e suas estruturas familiares decadentes e fadadas ao fracasso.

Ao contrário do que dizem, o patriarcado trouxe segurança, liberdade e colocou a mulher no lugar que ela sempre deve estar, sendo tratada com justiça, singeleza e respeito, para que assim seja a mulher que cumpra o papel para o qual Deus a fez.

Otoniel Oliveira
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