O mundo tem vivido dias incertos. Ao redor do globo tem se espalhado uma epidemia viral que mudou a rotina do planeta e que tem levado países inteiros a repensar sua postura econômica, moral, espiritual e sanitária.
Temos acompanhado perplexos o estrago devastador que um vírus tem feito na população mundial. O que era antes um problema dos chineses logo se tornou uma pandemia e paulatinamente tem se aproximado de nós. Nossas cidades estão fechadas, estamos reclusos em nossos lares, distantes de nossos familiares, de nossas igrejas e de nossos irmãos em Cristo. Um episódio sem precedentes para muitos de nós e que pode ser corretamente aplicado pelo que Paulo chamou de “dia mau” em Efésios 6.13.
Diante desse quadro de incertezas sobre o que está porvir e de toda dor e medo que o mundo vive por causa do corona vírus nós cristãos, devemos olhar para as Escrituras e nela encontrar repostas que nos sustentem em fé e nos deem esperança e conforto. Devemos extrair das Escrituras alguma coisa que nos sustente de pé diante do caos e nos mantenha firmados em nossa esperança e assim, nesse momento tão distinto, sermos luz em meio a escuridão do medo e arautos da mensagem do Senhor de todas as coisas para uma humanidade temerosa sobre a morte e o fim.
Algumas coisas temos aprendido nessa situação mundial e elas certamente servem para apontar para a glória de Deus e reforçar seu poder e majestade diante de todas as coisas. Apresento abaixo alguns pontos importantes de nosso aprendizado:
1. A pandemia lembrou a humanidade seu verdadeiro lugar distante das demagogias ideológicas.
A maior herança do humanismo secular para nossa geração foi a grande mentira da independência do homem e sua autonomia e suficiência. Desde o século XVIII a humanidade achou que seu ápice seria quando enfim ela se libertasse das “amarras” de Deus e o tirassem deste mundo. Um certo filósofo chegou a afirmar que a modernidade “matou Deus” e que agora o homem estava finalmente no poder, nada poderia nos deter. Enviamos um homem à lua, queremos conquistar Marte, estamos buscando a fórmula da vida eterna e um simples e invisível vírus nos mostrou a realidade: Somos insignificantes, frágeis, limitados e a nossa vida é como uma nuvem que passa.
A Bíblia define quem nós somos. Ela diz que somos pó, que somos falhos, que somos pecadores e que nossa vida aqui é breve e passageira. As Escrituras também nos afirmam que apenas os insensatos acreditam que podem viver longe de Deus (Sl 53) e que o homem tem algum poder em si. O Covid-19 veio como um profeta do caos nos lembrar que distante e à parte de Deus não temos poder ou virtude em nós.
2. A pandemia nos fez ver a importância da nossa vida como igreja.
Fomos proibidos de nos reunir em aglomerações. Nosso culto solene teve que ser cancelado e nossos templos foram fechados. Cristãos ao redor do mundo inteiro tiveram que aceitar o amargo remédio da quarentena e agora, em seus lares, estão sentindo falta da vida comunitária da igreja. Por um lado, essa epidemia tem mostrado o quanto a vida comum da igreja é abençoadora e edificante. Temos constantemente sentido a falta da bênção e da unção que fluem da comunhão dos santos. Cultos online são a saída temporária, mas não substituem o calor humano e o contato santo da vida em igreja (Sl 133). Certamente quando tudo isso passar valorizaremos muito mais a casa de Deus e a vida comunitária de fé.
Por outro lado, cada vez mais pessoas estão tendo contato com a Palavra poderosa e revigorante que alimenta o Rebanho de Cristo, mais e mais pessoas que nunca desejaram ir a uma igreja agora estão tendo contato com as mensagens virtuais, palavras de conforto, orações e louvores divulgados pela internet. A Epidemia nos ensinou a valorizar nossa igreja local e suas inúmeras atividades e também mostrou ao mundo o poder de uma igreja que ora e vive unida.
3. A pandemia aponta para o Redentor.
Diante de um inimigo desconhecido o mundo clama por solução. De todos os lados esforços tem sido realizados para a cura do Covid-19 e o fim da pandemia. O que o mundo tem percebido é que essa é uma de muitas epidemias que já aconteceram e que possivelmente ainda irão acontecer. O que o mundo precisa de fato é da figura de um Redentor que ponha fim a todos os efeitos malditos do pecado na criação e que pelo seu poder glorioso faça nova todas as coisas (Is 43.19). A criação clama por redenção (Rm 8.18ss) e apenas aquele que tem tudo sob sobre glorioso poder pode dar fim ao sofrimento e trazer a paz e cura eterna para nossa alma. A pandemia nos aponta para Cristo e seu poder, para a necessidade de seu retorno urgente, para a restauração de todas as coisas.
Conforme disse Pedro (2Pe 1.3), Deus nos deu todas as coisas para nos aproximarmos dEle. Essa situação certamente está sob seu divino poder e sob o conselho de seus soberanos decretos. Ele tem usado essa epidemia para nos alertar para a vida eterna e a salvação em Cristo, para nossa caminhada com Cristo e nossa santificação. Deus continua regendo o mundo de acordo com a sua vontade e nós devemos confiar e descansar em Suas mãos declarando como disse certa vez Jó: Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Em tudo isso não pecou Jó com os seus lábios.
Que Deus nos abençoe!
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