Glads Abigail S. Marques Moreira[1]

RESUMO

O presente artigo pondera a relevância da orientação e aplicação do momento devocional como tarefa prática no aconselhamento bíblico de mulheres. Partindo do entendimento de que há uma inconsistência na vida devocional das mulheres que buscam aconselhamento, propõe-se o momento devocional como uma ferramenta capaz de reforçar a compreensão da aconselhada a respeito da autoridade e da suficiência das Escrituras. O artigo concluirá que a aconselhada, orientada a desenvolver vida devocional no seu cotidiano, tornar-se-á uma cristã mais madura na fé, tendo, a partir de então, a sua adoração o e seu coração guiados pela Palavra de Deus.

Palavras-chave: Aconselhamento. Mulher. Vida devocional. Tarefas práticas.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda a vida devocional como uma tarefa prática no Aconselhamento Bíblico de mulheres, partindo do pressuposto de que, no cotidiano das mulheres que buscam o aconselhamento, a prática devocional é inexistente; ou, quando ocorre, dá-se de forma incoerente.

No aconselhamento bíblico, as tarefas práticas têm o papel de conduzir a pessoa aconselhada à Palavra, tornando-a viva à medida que aplica seus ensinamentos no dia a dia. Esta pesquisa parte dessa premissa, buscando entender a relevância da devocional diária como tarefa desse processo, norteada pelos seguintes questionamentos: Como a autoridade e suficiência das Escrituras são assimiladas na vida cristã? O momento devocional é uma prática que fomenta a assimilação dessas características bíblicas? Que métodos devocionais são mais apropriados? Como esses são escolhidos?

Esta pesquisa é embasada em um referencial teórico que aborda a relação entre o aconselhamento e a prática devocional, e se organiza em três tópicos principais: Primeiro, aborda o fundamento do uso de tarefas práticas no aconselhamento bíblico e a sua relevância no papel de reforçar a compreensão e aplicabilidade da Bíblia. Em segundo lugar, investiga se a autoridade e a suficiência das Escrituras sobre a vida da mulher podem ser assimiladas através de uma vida devocional consistente. Por fim, aponta métodos devocionais como exemplos para aplicação de tarefa prática, além de sugerir fontes para possível consulta de outros métodos.

2 TAREFAS PRÁTICAS NO ACONSELHAMENTO BÍBLICO

No Aconselhamento Bíblico, o fundamento para o uso de tarefas está intimamente vinculado à base do aconselhamento em si: a Bíblia. O uso dessas não é exclusividade do Aconselhamento Bíblico – alguns tipos de escutas terapêuticas também lançam mão desse recurso, com os objetivos mais diversos. No entanto, a Palavra de Deus é a base teórica para a formulação de toda e qualquer tarefa prática, e o conselheiro bíblico lança mão dela como um recurso didático e de reafirmação da fé.

Sendo as tarefas práticas uma parte essencial da metodologia do Aconselhamento Bíblico, percebe-se que são essenciais para o processo de transformação e crescimento do aconselhando, especialmente por serem realizadas no intervalo entre os encontros com o conselheiro.

O Aconselhamento Bíblico não tem uma cartilha de tarefas práticas, muito menos engessa o processo de criação dessas tarefas. As orientações para a aplicação de tarefas práticas devem ser, mais uma vez, guiadas pela Palavra de Deus e pelo discernimento e direcionamento do Espírito Santo – sempre atuante no processo de Aconselhamento.

Entretanto, considera-se útil que o conselheiro faça questionamentos que avaliem continuamente sua percepção e embasamento para o uso das tarefas. Jones (2018) sugere o uso de cinco perguntas para criação e avaliação de tarefas no aconselhamento bíblico: 1) Por que se deve dar tarefas?; 2) Que tipo de tarefas deve ser dadas?; 3) Como apresentar a tarefa?; 4) Quando conversar sobre a tarefa no encontro seguinte? e 5) Como se deve agir se o aconselhado não fizer a tarefa?[2]. O autor afirma ainda que “poucos fatores predizem o crescimento do aconselhado e uma conclusão satisfatória do caso melhor do que a realização das tarefas de casa”[3].

As tarefas práticas devem conduzir o aconselhando à meditação nelas, e à aplicação das verdades bíblicas em seu cotidiano, nas mais variadas circunstâncias. Isso faz com que a Palavra de Deus se torne viva e eficaz em sua vida, fazendo-o amadurecer e frutificar. O alicerce teórico das tarefas práticas é o arcabouço das doutrinas bíblicas, portanto, sua legitimidade é amparada pela Suficiência e Autoridade das Escrituras.

As respostas ao porquê se deve dar uma tarefa e que tipo de tarefa deve ser dada são pertinentes neste trabalho, visto que o tema se propõe a pesquisar um tipo de tarefa específica e a motivação para seu uso no aconselhamento de mulheres.

A motivação para aplicar o Momento Devocional como tarefa prática no Aconselhamento Bíblico de mulheres é, principalmente, a de levá-las a um contato diário e pessoal com a Palavra de Deus, dentro do contexto em que ela está vivendo, fazendo-a perceber e participar do processo de santificação progressiva que o próprio Deus pôs em ação na vida delas. Sendo assim, a tipificação do Momento Devocional como tarefa prática se justifica pelo fato de que as mulheres que buscam aconselhamento geralmente não praticam essa disciplina espiritual.

3 A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS SOBRE A VIDA DA MULHER CRISTÃ

A doutrina das Escrituras é base fundamental da fé cristã, ela entremeia a cosmovisão de todo aquele que professa sua fé em Jesus Cristo. A partir dessa afirmação, investiga-se como essa doutrina afeta a vida da mulher cristã, como é assimilada, e como se torna viva no cotidiano feminino.

Autoridade, clareza, necessidade e suficiência são quatro características básicas da Doutrina das Escrituras – todas são partes de um todo indivisível que sustenta a teologia do aconselhamento bíblico. O foco é a autoridade e a suficiência da Palavra, mesmo que as demais características sejam referendadas de forma sutil, visto que ambas podem ser mal compreendidas por parte dos cristãos. A Bíblia atesta cada uma dessas características e fundamenta essa doutrina, especificamente no que diz respeito à sua autoridade e a suficiência temos 2 Pedro 1. 20-21 e 2 Timóteo. 3.16.

Ao pensar sobre dicotomia entre crença e prática na vida cristã, é importante considerar o que contribui a afirmação do teólogo John Murray (1976):

tomar cuidado coma estrutura de controle de pensamento moderno para que seus padrões e pressuposições não se tornem os nossos, e então, antes que percebamos, sejamos levados por uma corrente de pensamentos e atitudes tornem a suficiência e a finalidade das Escrituras não apenas irrelevantes, mas semelhantes à nossa maneira de pensar.[4]

2 Pedro 1. 3-4 é a referência que corrobora a postura acima defendida, em que o apóstolo fala exatamente sobre a prática progressiva de disciplinas cristãs, através do conhecimento de Jesus Cristo, pois afirma que “… nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade (…) livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo”.

Partindo do pressuposto de que a mulher cristã deve acatar a autoridade e a suficiência das Escrituras, uma pergunta precisa de resposta: como a mulher cristã pode tornar essas características das Escrituras vivas em seu cotidiano?

A vida devocional, disciplina espiritual aplicada como tarefa prática, destina-se a ensinar a mulher que a Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb. 4.12), que ilumina seu caminho (Sl. 119. 105) e que é a voz do Supremo Pastor a cuidar dela (João 10. 27). O contato diário com a Palavra viva é que fará com que esta aconselhada seja mentoreada pelo próprio Deus, usando sua voz ali inspirada para levá-la a confiar na veracidade das Escrituras, e nas diversas formas com que o Espírito Santo aplica essa Palavra à sua mente e ao coração, nas mais diferentes circunstâncias.

À medida em que esta mulher é despida de hábitos e comportamentos pecaminosos, a vida de intimidade com Deus e com Sua Palavra revestem-na de atitudes que glorificam a Deus e refletem Sua vontade. Nesse contexto de transformação (2 Co 3.18), a Bíblia – aplicada pelo Espírito – fortalece a mulher cristã em suas demandas, na tomada de decisões e na maneira como ela reage às circunstâncias, às pessoas e a si mesma. Essa metamorfose acontece exatamente porque a Palavra de Deus é um livro sobre Ele, e não sobre o ser humano. Os pecadores estão inseridos na história de amor e salvação ali registrada para que se torne nítida a dependência humana do Criador e para evidenciar que essa relação O glorifica.

Fitzpatrick (2013) reitera a autoridade e suficiência das Escrituras exatamente por ela testemunhar a respeito de Jesus:

(…) sabemos que existem tantas respostas diferentes para os nossos problemas quanto os próprios problemas. Mas existe apenas uma resposta forte o bastante para nos transformar em servas humildes e amáveis. (…). A resposta que necessitamos é encontrada na Bíblia por causa de cada parte da Bíblia testificar sobre Jesus (Lc. 24. 44), a resposta é encontrada no próprio Jesus.[5]

Por Sua presença ser apontada em cada trecho do texto sagrado, a mulher cristã pode confiar no que lê e medita; porque Jesus está presente. Por causa da presença dele no texto e no coração da mulher cristã, essa pode submeter-se ao que Ele fala em Sua Palavra, ela pode ter este livro como bússola a nortear seus passos; e, assim, ter sua vida cotidiana marcada pela obediência e permanência em Deus e em Sua vontade. A liberdade que esta mulher encontra em Jesus se torna vívida em seu caminhar com ele, num caminho de santidade que a torna semelhante a Jesus, e glorifica o Pai.

Esse caminho de santidade é descrito detalhadamente por Deyoung (2013) numa definição prática da doutrina:

Santidade é a soma de um milhão de pequenas coisas – o evitar de pequenos males e pequenas fraquezas, o colocar de lado pequeninas porções de mundanismo e pequenos atos de comprometimento, o mortificar de pequenas incoerências e pequenas indiscrições, a atenção dada a pequenos deveres e lidares menores, a árdua obra dos pequenos não dito a si mesmo algumas pequenas auto restrições, o cultivo de pequenas benevolências e pequenas abstenções.[6]

A Escritura é suficiente para cada conjuntura da vida humana, é suficiente para cada necessidade inerente da mulher, por ter respostas para cada problema não-físico do ser humano.  Além disso, a Palavra também conduz a mulher que a ela se submete por causa do amor ao Senhor da Palavra; através daquela, esta tem os seus pecados mortificados, diariamente, pela autoridade do sangue de Jesus, passando a desenvolver, em seu cotidiano, novos comportamentos – por ação do Espírito Santo, através da aplicação da Palavra, em lugar de apenas derrotas, a mulher passa a ter lutas vencidas.

A autoridade da Palavra está vinculada à autoridade daquele que a proferiu, suas promessas devem fundamentar a confiança da mulher cristã na Bíblia. Tudo quanto Deus diz a respeito de si mesmo e de sua relação com os seus é imutável. O apóstolo Paulo fala acerca dessa certeza, o capítulo oito da carta aos Romanos não deixa dúvidas quanto a isso, especificamente quando faz a pergunta retórica “Quem nos separará do amor de Cristo?”[7]

As promessas de Deus são o alicerce da fé e o arrimo da esperança do cristão. Nelas, encontra-se o fundamento de toda alegria e do genuíno contentamento da mulher cristã – o contentamento que brota da confiança nas infalíveis promessas em Cristo, independente das circunstâncias que trazem mulheres ao aconselhamento bíblico.

O que o autor aos Hebreus[8] postula, quando cita Josué 1. 5, e reafirma “de maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei”. Nesse texto, vê-se Deus falando ao seu servo que nada pode mudar Sua decisão a respeito daqueles que Ele mesmo tem em suas mãos, que Ele ama e cuida.

Wilson (2018) cita o trecho bíblico de Josué, reiterando que nele está uma promessa condicional, pois “Deus havia prometido, mas também deu responsabilidades e obrigações que servissem de guia à conduta de Josué”[9]. Estas responsabilidades e obrigações estão no texto bíblico, tendo a força de um imperativo, tanto no original como na versão Almeida Revista e Atualizada: sê forte, medita e faze tudo quanto no livro está escrito.

No Aconselhamento Bíblico, a tarefa de meditação constante nas Escrituras resulta em auto confrontação e transformação; pois assim como a obediência de Josué resultaria em sucesso, a obediência do cristão em ter “prazer na lei do Senhor e nela meditar dia e noite”[10], faz com que ele frutifique no devido tempo e seja bem sucedido em tudo que faz.

Isto envolve mudança de pensamento e comportamento, envolve a reorientação do coração para adorar somente ao Criador, em qualquer circunstância. A Palavra de Deus é a autoridade para efetuar essa transformação – pela ação do Espírito – e, a partir dela, a mulher cristã deve assimilar a suficiência para viver a partir da vontade de Deus.

4 MÉTODOS DEVOCIONAIS APLICADOS COMO TAREFA PRÁTICA: EXEMPLOS E FONTES

A vida devocional como tarefa prática do aconselhamento impõe sua relevância para a maturidade cristã, bem como para reorientação da adoração da aconselhada, haja vista que a devoção reforça a compreensão da autoridade e da suficiência das Escrituras. Cordeiro (2008) afirma que existe um chamado para retornar à Palavra de Deus como nossa base[11], e, partindo de sua necessidade pessoal, ele desenvolveu um método devocional que conduz o cristão à Palavra, numa leitura constante e comprometida de porções das Escrituras, num sistema de autoalimentação; dele extraindo vigor espiritual e enraizando sua existência na revelação do Eterno. O método consiste em registrar as instruções Bíblicas num diário espiritual, seguindo estes quatro passos: Escritura, Observação, Aplicação e Oração.

Para o primeiro passo, Escritura, o autor sugere a leitura da Bíblia com o auxílio de um calendário que estipule um capítulo por dia, podendo ser iniciada tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Desse capítulo lido é extraída a pérola do dia, um versículo em particular que salta aos olhos do leitor e fala ao seu coração no contexto que está vivenciando. Esse verso é anotado no diário, e a partir dele, o restante dos passos se desenvolvem.

O segundo passo, Observação, demanda interesse em aprofundar o que Deus disse no passo anterior. A pessoa vai em busca do contexto anterior e posterior do versículo, do remetente e do seu destinatário. O objetivo aqui é “deixar sua mensagem penetrar limpidamente em seu coração”[12] e registrar as observações no diário, tudo deve ser escrito.

A Aplicação é o terceiro passo e consiste no registro de “como você planeja colocar em prática a lição que o Divino Mentor acabou de trazer à sua atenção. (…) Como este versículo se aplica a minha vida em particular?”[13]. Afinal é esse compromisso de aplicar a Palavra à vida que faz diferença entre cristãos nominais e cristãos maduros. Cordeiro (2008) é incisivo quando diz que “a aplicação faz a diferença entre ouvir a vontade de Deus e cumprir essa vontade”.[14]

O quarto e último passo é a Oração, mais uma vez o autor reforça a necessidade de registro, visto que este exercício impõe ao cristão ruminar tudo que foi lido e estudado. O hábito de escrever as orações solidifica o aprendizado e possibilita uma posterior consulta ao que foi pedido, e a forma como Deus respondeu. Ao final desse passo, o autor orienta a colocação de um título na devocional e a criação de um sumário nas páginas iniciais desse diário, a fim de organizar e facilitar a localização do que Deus tem dito ao leitor. Cordeiro (2008) conclui o capítulo em que descreve seu método dizendo: “Por meio desse método, você construirá as verdadeiras raízes de Deus em sua alma, e desenvolverá um recurso espiritual que enriquecerá sua vida pelos anos futuros”[15]

Os métodos para realização de devocionais são diversos, o supracitado é um mero exemplo; o momento devocional precisa ser ajustado à demanda da mulher e ao nível de compreensão dela. Os recursos didáticos – que tanto incentivam quando enriquecem o momento devocional – estão disponíveis tanto através de literaturas específicas quanto na internet, como o  site da Sociedade Bíblica do Brasil[16], que disponibiliza planos de leitura bíblicas, tanto anuais quanto temáticos, assim como o Voltemos ao Evangelho[17] e o blog Benditas[18], que distribuem arquivos em PDF e podcasts[19] com devocionais e  calendários com leituras cronológica e temática da Bíblia.

No processo de aconselhamento, pode-se indicar um ou outro método, dando à aconselhada a liberdade de escolher o que melhor atenda sua capacidade de absorção da Palavra.  Se tem como praxe, no Aconselhamento Bíblico, indicar textos específicos da Bíblia, a fim de que a aconselhada leia e medite em aspectos bíblicos que confrontam seus pecados, corrija-a e encoraje a viver da melhor forma possível para Deus. Miller (2012) possui uma lista exaustiva de assuntos abordados no aconselhamento bíblico, e traz uma lista correspondente de referências bíblicas para cada tema[20]. É um instrumento precioso nas mãos de um conselheiro hábil.

Nessa situação, em que há uma lista de textos indicados, faz-se necessário um estudo direcionado de cada passagem, que pode ser feito através de perguntas abertas, sendo respondidas com o compromisso da verdade e sinceridade. A ABCB[21] disponibiliza gratuitamente dois recursos a serem usados neste contexto, chamados de “Folha de estudo bíblico e aplicação” e “Folha de trabalho vitória sobre o fracasso” [22]. São recursos simples, mas que impactam o estudo direcionado da Palavra, conduzindo a aconselhada às evidências bíblicas e à sua necessidade de mudança.

Como Wilkin (2015) afirma, “a Bíblia realmente nos fala sobre quem somos e sobre o que devemos fazer, mas o faz através das lentes de quem é Deus…”.[23] Um estudo sério, comprometido e organizado da Palavra de Deus levará a aconselhada ao autoconhecimento porque lhe conduzirá no conhecimento de quem Deus é. Por isso, um devocional direcionado de forma metódica se apresenta como uma ferramenta indispensável no processo de aconselhamento bíblico.

Esse processo de aprender a estudar a Bíblia através da meditação íntima é árduo, exige disciplina e resiliência da aconselhada, mas é recompensador e transformador em justa medida. Ele pode ser descrito como o examinar da bateia em busca de ouro, ou como o minerar diamantes nas profundezas da vontade de Deus. Independente da metáfora empregada, o seu valor espiritual é corroborado pela mudança de pensamento e comportamento observáveis na vida da aconselhada.

A qualidade do relacionamento com Deus é determinante para os demais relacionamentos humanos e, por isso, deve ser levado mais a sério que a alimentação e demais atividades diárias que dão manutenção à vida. A vida cristã é sustentada pela prática devocional, e, para tanto, esse relacionamento deve ser planejado e priorizado com máxima atenção, especialmente no período de aconselhamento bíblico, e até que o hábito se torne frutífero e contínuo.

A possibilidade de a conselheira orientar a respeito dessa necessidade de planejar o momento devocional se fundamenta na própria definição de aconselhamento bíblico que, de acordo com Tripp (2009) é a ministração da Palavra de um crente ao outro no contexto do que Deus está operando na situação de uma pessoa[24]. Essa orientação devocional consiste na condução de uma mulher à Palavra de Deus, dentro do contexto em que ela está vivendo, crendo que a recompensa que essa mulher terá é mais intimidade com seu Criador, sua adoração será racional e profunda, confiante e sólida.

O desejo por Deus, além de qualquer coisa na terra[25], é o objetivo da tarefa prática que envolve o devocional pessoal. Acredita-se que nada pode substituir a vivacidade espiritual dessa prática. Nada deve substituir o anelo por Sua presença e o ouvir Sua voz através da Palavra, tornando-a viva quando seus princípios estão ligados às situações concretas da vida humana.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo aplicou-se a apresentar o momento devocional como uma tarefa prática no processo de aconselhamento bíblico de mulheres cristãs. Partindo da compreensão de que a vida cristã sadia, a capacitação espiritual e intimidade com o Senhor são alcançadas e alicerçadas no estudo da Palavra, propõe-se que os conselheiros bíblicos lancem mão dos diversos métodos devocionais como ferramentas de auto confrontação e transformação de suas aconselhadas.

O aconselhamento é bíblico porque se fundamenta no estudo e na aplicação da Palavra às demandas não físicas das pessoas, portanto, reorientar a adoração das mulheres que buscam ajuda é tarefa intrínseca do ministério de aconselhamento. Esta reorientação é delineada pelo exercício da prática devocional individual, quando a Palavra confronta pecados, guia decisões e reveste a pessoa de novos hábitos, substituindo reações pecaminosas por atitudes que glorificam a Deus

A maturidade e a adoração de todo cristão são alicerçadas na sua compreensão e obediência à Palavra; isto posto, o momento devocional apresenta-se como tarefa prática imprescindível no aconselhamento bíblico de mulheres, pois as conduz à intimidade com o Senhor e aguça seus ouvidos à voz dEle revelada na Bíblia Sagrada.

BIBLICAL COUNSELING OF WOMEN: the devotional moment as a practical task

This article considers the relevance of applying and guiding the devotional moment as a practical task in biblical counseling for women. Starting from the inconsistency in the devotional life of women who seek counseling, the devotional moment is proposed as a tool capable of reinforcing the understanding of the counselee regarding the authority and sufficiency of the Scriptures. The article will conclude that the counselee oriented to develop devotional life in her daily life will become a more mature Christian in the faith and will have the adoration of her heart guided by the Word of God.

Keywords: Counseling. Woman. Devotional life. Practical tasks.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA SAGRADA. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2.ed. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.

CORDEIRO, Wayne. Mentores segundo o coração de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2008.

DEYOUNG, Kevin. Brecha em nossa Santidade. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2013.

FITZPATRICK, Elyse. Mulheres aconselhando Mulheres. 1ed. São Paulo: NUTRA publicações, 2013.

JONES, Robert. As outras 167 horas: uma cartilha sobre as tarefas de casa no aconselhamento bíblico. Conselho Bíblico, 2018. Disponível em <https://conselhobiblico.com/2018/06/11/uma-cartilha-sobre-as-tarefas-de-casa-no-aconselhamento-biblico/>. Acesso em 30 de abril de 2020.

MILLER, Patricia A. Quick scripture reference for counseling women. Updated and Revised [edition]. Baker Books: Grand Rapids, MI, 2012.

MURRAY, John. Collected writings of John Murray, Banner of Truth, Edinburgh, 1976, p. 22.

TRIPP, Paul David. Instrumentos nas mãos do redentor: pessoas que precisam ser transformadas ajudando pessoas que precisam de transformação. São Paulo: Nutra Publicações, 2009.

WILKIN, Jen. Mulheres da Palavra: como estudar a Bíblia com nossa mente e coração. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.

WILSON, Nancy. Contentamento: um estudo para mulheres de todas as idades. São Paulo: Trinitas, 2018.


[1] Educadora Cristã da Igreja Cristã Evangélica do Bequimão, bacharel em Educação Cristã pelo Seminário Cristão Evangélico do Norte, pós-graduada em Aconselhamento Bíblico pela mesma instituição e bacharel em Serviço Social pela Universidade Estácio de Sá. E-mail: gladsabigail81@gmail.com.

[2] JONES, Robert. As outras 167 horas: uma cartilha sobre as tarefas de casa no aconselhamento bíblico. Conselho Bíblico, 2018. Disponível em <https://conselhobiblico.com/2018/06/11/uma-cartilha-sobre-as-tarefas-de-casa-no-aconselhamento-biblico>.Acesso em 30 de abril de 2020.

[3] Ibid.

[4] MURRAY, John. Collected writings of John Murray, Banner of Truth, Edinburgh, 1976, p. 22.

[5] FITZPATRICK, Elyse. Mulheres aconselhando Mulheres. 1ed. São Paulo: NUTRA publicações, 2013. p. 33

[6] DEYOUNG, Kevin. Brecha em nossa Santidade. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2013. p. 204.

[7] Romanos 8.35

[8] Hebreus 13.5

[9] WILSON, Nancy. Contentamento: um estudo para mulheres de todas as idades. São Paulo: Trinitas, 2018. p. 26.

[10] Salmo 1. 2

[11] CORDEIRO, Wayne. Mentores segundo o coração de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2008. p. 7.

[12] Ibid. p. 116

[13] Ibid. p. 117

[14] Ibid. p. 118

[15] Ibid. p. 121

[16] Planos de Leitura da Bíblia. Disponível em:<https://www.sbb.org.br/conteudo-interativo/planos-de-leitura-da-biblia/>. Acesso em 25 de julho de 2020.

[17] Arquivo para devocional. Disponível em <https://voltemosaoevangelho.com/blog/assunto/categoria/t-devocional/>. Acesso em 25 de julho de 2020.

[18] Categoria de Downloads – Guia de estudos para o devocional Extraordinário. Disponível em <https://benditas.blog/category/downloads/>. Acesso em 25 de julho de 2020.

[19] Arquivo digital de áudio com o propósito de transmitir informações, são textos para ouvir.

[20] MILLER, Patricia A. Quick scripture reference for counseling women. Updated and Revised [edition]. Baker Books: Grand Rapids, MI, 2012.

[21] Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos

[22] Disponíveis em <https://abcb.org.br/recursos/suplementos/>. Acesso em 22 de junho de 2020.

[23] WILKIN, Jen. Mulheres da Palavra: como estudar a Bíblia com nossa mente e coração. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015. p. 29.

[24] TRIPP, Paul David. Instrumentos nas mãos do redentor: pessoas que precisam ser transformadas ajudando pessoas que precisam de transformação. São Paulo: Nutra Publicações, 2009.p. 437

[25] Salmo 73. 25

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