O objetivo ao trabalharmos os movimentos, cessacionismo e continuísmo, não é fornecer um compêndio completo sobre todos os dons listados na Bíblia, segundo a visão de cada um, mas trazer ambos os movimentos à discussão e chegar a um consenso partindo dos principais pontos de cada movimento considerando suas origens, história, motivação, argumentos e objetivos. É claro que sempre considerando as Escrituras Sagradas como autoridade final (II Timóteo 3.16,17) e especificamente os dons citados em Efésios 4.11. Será feita a exposição e aplicação da melhor visão diante de posições tão controversas.
Carson destaca:
As posições estereotipadas dos dois lados são tão antagônicas, ainda que ambas se digam bíblicas, que devemos concluir uma destas três possibilidades: um dos grupos está correto em sua interpretação da Escritura sobre essas questões, e o outro está correspondentemente errado; ambos, até certo ponto, estão errados, e é necessário encontrar uma forma melhor de entender a Escritura; ou a Bíblia simplesmente não fala com clareza e coerência sobre esses assuntos, e os dois grupos em disputa extrapolaram os ensinos da Bíblia a fim de entrincheirarem-se em posições que não são defensáveis pela Escritura. Seja qual for o caso, devemos voltar para a Escritura.[1]
O CESSACIONISMO
O cessacionismo, como obviamente sugere o termo, afirma e prega que alguns dons χαρισμα “charisma” ou capacidades concedidas pelo Espírito Santo, descritos e listados em Efésios 4.1-16 (com o termo δομα “doma”), I Coríntios 12.8-10, I Coríntios 12.28-30, Romanos 12.6-8 e I Pedro 4.11, cessaram e foram atuantes e necessários apenas na era da igreja apostólica ou durante a fundação e estabelecimento da igreja na primeira era cristã, sendo considerados dons “extraordinários” conforme Ferreira:
Esta posição é chamada de “cessacionismo”, e pode ser definida como o entendimento de que alguns dons descritos no Novo Testamento são ordinários e permanentes, enquanto outros eram extraordinários, mas foram paulatinamente desaparecendo da vida da igreja a partir do fim da era apostólica.[2]
Segundo esse pensamento, os dons também conhecidos como “dons de revelação e sinais miraculosos”, tais como: apóstolos, profetas, palavra de sabedoria, conhecimento, evangelistas, discernimento de espíritos, línguas, curas e milagres só existiram nesse período para autenticação da autoridade revelacional e prática apostólica visando a construção da doutrina escrita ou o Cânon como conhecemos hoje. Nota-se que para os cessacionistas os dons ordinários continuam sendo dados à igreja “[…] São os dons de pastores e mestres (Rm 12.7; Ef 4.11; l Tm 3.1-7), presbíteros (I Co 12.28; Rm 12.8; l Tm5.17) e diáconos (Rm 12.7-8; l Tm3.8-13)”[3]
Esse movimento tem como sua raiz remota o Judaísmo (ênfase em um único Deus e proibição de sinais e maravilhas em Deuteronômio 13 e 18) e como estopim o Montanismo (reivindicação de profecia por uma seguidora de Montano chamada Milcíades) começando a tomar forma, como proto-cessacionismo, por volta de 304 d.C[4] através de explicações apoiadas por representantes da patrística como: Crisóstomo, Agostinho e Gregório, além de outros proeminentes estudiosos. Mais tarde, em sua versão mais avançada, porém não definida em termos, foi encabeçado por João Calvino que, por sua vez, começou a refutar as reivindicações da autoridade apostólica solicitada pela igreja católica atribuindo a isso uma tentativa de apropriação do direito para implantar e disseminar uma doutrina extra bíblica[5]. Reforçado por confissões de fé como a de Westminster por volta de 1647, o cessacionismo, como termo denominador de um movimento, começou a definir-se conforme Masters:
O termo cessacionismo vem das grandes Confissões de Fé do século XVII, tais como as Confissões de Westminster e Batista. Estas duas usam a mesma palavra. Falando sobre como Deus revelou a Sua vontade e concluiu as Escrituras, as Confissões dizem: “aqueles antigos modos de Deus revelar a Sua vontade ao Seu povo agora cessaram” [Cap. I, parágrafo 1]. Esta palavra na verdade não provém da Bíblia, mas a doutrina sim.[6]
Como consequência dessa posição em relação aos dons, ‘assim como aconteceu com Calvino, os teólogos de Westminster […] confrontaram os “carismáticos” do seu tempo’[7], com uma afirmação categórica de cessação das antigas formas de revelação divina ainda nas primeiras linhas da confissão conforme apresentado por Hodge:
Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.[8]
O movimento montanista foi devastador, pois “Montano opunha-se ao formalismo da igreja e intimidava os cristãos com ousadia, ao proclamar que seus seguidores eram mais espirituais do que aqueles que possuíam apenas a “letra morta” das Escrituras”[9]. E provavelmente devido a isso, o cessacionismo parece ter assumido uma polêmica bastante seletiva em relação a todos os dons listados na Bíblia, tendo seu foco refutativo, principalmente nos dons relacionados à revelação da palavra (apóstolos e profetas) e sinais miraculosos (curas, milagres e línguas). É visível o motivo pelo qual os ataques cessacionistas tenham se concentrado nessas categorias de dons, pois “Montano, […] acreditava ser um profeta enviado por Deus para reformar a igreja mediante o ascetismo, a prática da glossolalia e a continuidade das revelações proféticas.”[10], ou seja, claramente uma presunção absurda vista por muitos eruditos da época como heresia. Pois em uma evolução desse pensamento até os dias atuais, obrigatoriamente todas as revelações ou profecias alegadas como sendo diretas de Deus e confirmadas por sinais miraculosos, deveriam ser consideradas normas de fé e prática, logo a forma de revelação restrita à época, contexto e propósito não teria cessado e, como consequência, teríamos algo inconcebível para tradição reformada: o Cânon não seria suficiente. O movimento carismático em seu sentido de continuidade da forma “restrita” desses dons é visto como atual reflexo do montanismo, pois “O movimento carismático contemporâneo é, em vários sentidos, herdeiro espiritual do montanismo. Na verdade, não seria totalmente injusto chamar o movimento carismático contemporâneo de neomontanismo”[11]. A razoabilidade do combate à aplicação “restritiva” dos dons de revelação e sinais miraculosos nos dias hodiernos é clara quando constatamos a importância da sua atuação e propósito na época e contexto adequado. Por isso, mesmo que não sejam todos os dons “extraordinários”, vejamos as discussões sobre as suas duas principais categorias e em que se concentram os esforços do cessacionismo.
(1) Os dons revelacionais ou fundacionais, a saber, apóstolos e profetas, foram as profecias e revelações doutrinarias exclusivas, restritivas e temporárias dadas a homens específicos para fundamento inicial da igreja e formação do Cânon segundo o pensamento cessacionista como vemos em Schwertley:
Os ofícios de apóstolo e profeta eram unicamente para aquela situação da igreja antes do Cânon ser concluído. A revelação era necessária para produção do Novo Testamento. E antes que o novo testamento fosse concluído, uma revelação direta era necessária para explicar a obra de Cristo e para satisfazer as necessidades daquele momento. Imaginem como seria tentar explicar o significado da obra de Cristo sem o Novo Testamento! Após a conclusão do Cânon do Novo Testamento e da morte do último apóstolo e do último profeta, os dons revelacionais cessaram.[12]
(2) Os dons de sinais miraculosos, ou seja, milagres, curas e línguas, foram as provas públicas e visíveis que autenticaram a autoridade apostólica e profética justificando a revelação de Deus por meio dos escolhidos. Segundo os cessacionistas, os sinais estavam diretamente ligados aos dons fundacionais ou revelacionais para o primordial reforço do testemunho na pregação da mensagem do evangelho em momento de expansão inicial da igreja, pois como Schwertley explica:
A Bíblia ensina que os sinais são eventos públicos, visíveis e miraculosos. O seu propósito não era de proporcionar aos crentes cultos eletrizantes ou uma experiência maravilhosa, mas de conferir autenticidade à mensagem divina, para provar publicamente que aquele que estava operando os milagres fora enviado por Deus.[13]
Conforme os cessacionistas, existem alguns aspectos comprobatórios e históricos bíblicos a serem observados para considerarmos os sinais miraculosos como curas e maravilhas em sua atuação específica e restritiva. Segundo Schwertley:
Jesus e os apóstolos curaram muitas pessoas com uma palavra ou um toque (e.g., Mt 8:6,7; At 9:32-35). Eles curavam instantaneamente (Mt 8:13; Mc 5:29; At 3:2-8). Eles curavam completamente, não parcialmente (fio 9:7; At 9:34). Eles eram capazes de curar qualquer um que cresse (Lc 4:40; At 5:12-16; 28:9). Eram capazes de curar sérias doenças orgânicas, corpos aleijados e defeitos de nascença (Lc 6:6,17; Jo 9:7; At 3:6-8; 5:16; 8:7). Eles expulsavam demônios (Lc 10:17; 13:32; At 10:38) e ressuscitavam os mortos (Lc 7:11-16; Mc 5:22-24, 35-43; Jo 11:43,44; At 9:26-42; 20:9-12).[14]
Enfatizamos que o dom de línguas (falar em um idioma real que não é o idioma pátrio) de acordo com a visão cessacionista, foi necessário apenas em aspectos de comunicação para o alcance do evangelho às várias etnias e nações, principalmente na ocasião do Pentecostes em Atos 2.1-13 que estiveram, no mesmo local, povos de diversas regiões do mundo conhecido da época conforme Macarthur:
[…] como já vimos, as línguas tinham como objetivo ser um sinal para o Israel incrédulo. Significavam que Deus havia começado uma nova obra que incluiria os gentios. O Senhor falaria agora a todas as nações em suas línguas. As barreiras foram derrubadas. Assim, o dom de línguas simbolizava não apenas a maldição divina sobre a nação desobediente, mas também a bênção de Deus sobre o mundo todo.[15]
O CONTINUÍSMO
O continuísmo, como também claramente sugere o termo, é a ideia e afirmativa que todos os dons do Espírito descritos na Bíblia atuam até os dias de hoje e são altamente importantes para vida da igreja em diversidade e unidade. A principal refutação do continuísmo contra o cessacionismo é a presunção de limitação ou anulação da operação, poder e manifestação do Espírito Santo nos dias atuais. No entanto, precisamos frisar que não há apenas um pressuposto em ocorrência no continuísmo, pois apesar de serem linhas de pensamento facilmente confundidas, observamos uma diferença substancial entre continuísmo reformado e o continuísmo carismático visto que “[…] muitos evangélicos e reformados, que não se identificam como carismáticos, acreditam que o Espírito Santo continua distribuindo os dons sobrenaturais aos cristãos […]”[16]. Portanto, fazendo uma mediação entre as perspectivas restritivas ou gerais dos dons considerados pelo cessacionismo como extraordinários e os mesmos dons citados em Efésios 4.11, vejamos detalhadamente as abordagens dessas distinções no continuísmo.
(1) O continuísmo reformado volta-se especificamente para aplicação dos dons revelacionais nos dias atuais de forma não restritiva, mas geral, respeitando a plenitude da revelação escrita e vivência das normas de fé e prática somente a partir dela, “sola scriptura”. Logo, com os devidos cuidados e restrições no uso dos termos, hoje temos:
(a) Os apóstolos como lançadores iniciais e “atemporais” do fundamento, indiretamente “ativos” através do escrito canônico para o acesso e conhecimento da doutrina de Cristo nos dias atuais segundo Berkhof:
apóstolos. Estritamente falando, este nome só é aplicável aos doze escolhidos por Jesus e a Paulo; mas também se aplica a certos homens apostólicos que assessoram a Paulo em seu trabalho e que foram dotados de dons e graças apostólicas, At 14.4,14; 1Co 9.5,6: 2Co 8.23; Gl 1.19 (?). Os apóstolos tinham a incumbência especial de lançar os alicerces da igreja de todos os séculos. Somente por meio da sua palavra é que os crentes de todas as eras subseqüentes têm comunhão com Jesus Cristo. Daí, eles são os apóstolos da igreja dos dias atuais, como também o foram da igreja Primitiva. Eles tinham certas qualificações especiais.[17]
(b) Os profetas, não como vetores de uma revelação ou doutrina básica e fundamental inédita, mas como interpretadores, expositores e mensageiros de doutrinas, profecias ou revelações existentes nas Escrituras Sagradas para edificação da igreja, pois “Hoje, Deus não ensina mais a igreja através de revelação nova, mas pela exposição da sua revelação que foi completada em Cristo e na Bíblia”[18]. Logo, temos a continuidade desse dom apenas no aspecto de anunciação a partir de uma revelação única, inerrante, completa e suficiente nos dias atuais de acordo com Berkhof:
Profetas. O Novo Testamento fala também de profetas, At 11.28; 13.1,2; 15.32; 1Co 12.10; 13.2; 14.3; Ef 2.20; 3.5; 4.11; 1Tm 1.18; 4.14; Ap 11.6. Evidentemente o dom de falar para a edificação da igreja era altamente desenvolvido nestes profetas, e ocasionalmente eles serviam de instrumentos para a revelação de mistérios e para a predição de eventos futuros. Aquela parte deste dom (profecias) é permanente na igreja cristã, e foi definidamente reconhecido pelas igrejas reformadas (calvinistas), mas esta última parte era de caráter carismático e temporário. Os profetas diferiam dos ministros comuns no sentido de que eles falavam sob inspiração especial.[19]
(c) Os evangelistas como dotados de especial capacidade para evangelizar, pois eles “acompanhavam e assistiam os apóstolos, e às vezes eram enviados por estes em missões especiais”[20]. Ainda hoje, de alguma forma, os evangelistas vêm construindo sobre o fundamento já lançado pelos apóstolos e profetas, ou seja, superando as barreiras territoriais, levando a mensagem do evangelho e contribuindo no alcance de pessoas para Cristo a partir das Escrituras Sagradas e de uma forma mais específica, pois segundo Lopes:
Os apóstolos e profetas lançaram o fundamento da igreja, e os evangelistas edificaram sobre esse fundamento, ganhando os perdidos para Cristo. Cada membro da igreja deve ser uma testemunha de Cristo (At 2.41-47; 8.4; 11.19-21), mas há pessoas a quem Jesus dá o dom especial de ser um evangelista.[21]
(d) Os sinais miraculosos no continuísmo reformado permanecem também de forma não restritiva ou direta e hoje são evidências da operação de Deus por meio da oração e comunicação direcionada a Ele, pois “É certo que Deus pode curar em resposta às orações de cristãos e da comunicada cristã, ainda que os cessacionistas rejeitem a concessão dos dons de cura e de operação de milagres”[22]. O dom de línguas como parte desses sinais hoje tem seu próprio regulamento bíblico estabelecido para o culto em 1 Coríntios 14.27 como indicativo não da sua existência, mas da sua aplicação prática e necessidade do exercício aberto. Portanto, mesmo que seja um dom para os dias atuais em desacordo com esse regulamento, não deve ser praticado publicamente, mas possivelmente de forma pessoal e particular. O fato da evidente improbabilidade das condições e necessidades para concessão bíblica e exercício do dom de línguas na igreja hoje não determina sua inexistência, logo a soberania do Espírito Santo não é limitada ou anulada, Ferreira contribui dizendo
Embora o propósito seja o de edificar por meio do ensino e, por isso, o que é falado deva ser interpretado, Paulo permite que esse dom seja usado particularmente, mesmo sem que haja um intérprete. Possivelmente, nessas circunstâncias, a variedade de línguas funcione como auxílio às orações.[23]
(2) O continuísmo carismático, porém, se atém à negação pragmática de que a forma restritiva das profecias, revelações e sinais miraculosos cessaram tornando o exercício desses dons em sua forma específica hodiernamente como hábitos normativos e reguladores num sentido de base para fé, práticas e vivências direcionadas pelas Escrituras Sagradas, mas independentes de fato. Pois “Os carismáticos ensinam que continuamos recebendo revelações diretas de Deus “[24]. Lembramos que assim como no cessacionismo, o continuísmo Carismático também tem seu foco nos dons revelacionais e de sinais miraculosos, por isso cientes dessa observação temos:
(a) Os apóstolos e profetas, em seus aspectos de dons, genericamente praticados como profecias ou revelações que se igualam e em alguns casos são até superiores à relevância das Escrituras Sagradas, pois são como algo que deve ser considerado, vivido e temido. Determinam-se muitas vezes como novidades que vão além da revelação escrita e geralmente são voltadas para o âmbito pessoal de experiências isoladas e cotidianas conforme afirma Schwertley:
Mas, na verdade, a maioria dos carismáticos crê que Deus fala diretamente a cada “crente cheio do espírito santo”; crêem que Ele leva as pessoas a fazerem coisas à parte das Sagradas Escrituras. Frases comuns nos círculos carismáticos são: “Deus me disse para fazer isso”; “O Espírito me levou a fazer aquilo; “Jesus falou comigo e me disse assim e assim”. Tal modo de pensar conduz ao subjetivismo e ao misticismo e contradiz claramente a palavra de Deus.[25]
(b) Os sinais miraculosos, a saber, curas, milagres e línguas, assim como intrinsicamente direcionados à veracidade do ministério dos apóstolos e profetas antigos, no ramo carismático são evidências de um status que confere um tipo de autoridade espiritual extra ato de salvação para o desenvolvimento de uma vida cristã veridicamente chancelada por Deus. Em casos extremos, um exercício que garante uma posição especial ou de superioridade em relação a outros cristãos, Macarthur explica:
A maior parte dos carismáticos define o batismo do Espírito como uma experiência posterior à salvação, a segunda bênção que acrescenta algo vital ao que os cristãos receberem na salvação. O batismo do Espírito, crêem eles, é comumente acompanhado da evidência de falar em línguas ou, talvez, de outros dons carismáticos. Essa experiência é considerada essencial para todo cristão que deseja conhecer na sua própria vida a plenitude do poder divino e miraculoso. Se você é um cristão que não tem experimentado alguns fenômenos carismáticos sobrenaturais, talvez se sinta excluído. Talvez esteja pensando que Deus o considera um cristão de segunda classe. Se Ele se interessasse mesmo por você, você não teria experimentado um milagre ou manifestado algum dom espetacular? Por que você não subiu a um nível superior de bem-aventurança espiritual? Por que não ouviu Jesus falar-lhe com voz audível? Por que Ele não lhe apareceu fisicamente? amigos carismáticos andam mesmo mais perto de Deus e possuem um conceito mais profundo do poder do Espírito Santo, uma experiência de louvor mais completa, uma motivação mais forte para testemunhar e maior devoção pelo Senhor Jesus Cristo? Talvez nós, os não-carismáticos, apenas não estamos à altura deles?[26]
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A POLÊMICA
Ao analisarmos todos os pressupostos relacionados aos “charisma” ou dons do Espírito, constatamos basicamente três formas de posicionamentos a favor da sua continuidade ou cessação: (1) de forma pontual, o cessacionismo (de linha e origem reformada) a favor da inexistência de alguns dons nos dias atuais devido a suas concessões e exercícios terem sido necessárias apenas na época e contexto da igreja primitiva para único propósito de fechamento do Cânon. Sendo esse posicionamento visto por carismáticos e alguns reformados como presunção para limitação da atuação do Espírito Santo hoje. (2) De forma extrema, o continuísmo carismático a favor da continuidade em aspectos restritivos e específicos dos dons nos dias atuais. Sendo essa perspectiva considerada por reformados como presunção para uma nova autoridade bíblica e espiritual que ignora as Escrituras Sagradas. (3) De forma linear, o continuísmo reformado que, sem dúvida, é a visão mais coerente em relação aos dons, pois não descarta o propósito e necessidade da aplicação restritiva (à época e contexto da igreja primitiva) dessas capacidades antes da formação do Cânon e não limita ou anula a atuação do Espírito Santo nos dias atuais para suas concessões e exercícios a partir das Escrituras Sagradas e seus parâmetros. Sendo assim, temos uma razoável perspectiva conciliadora e linear, que parte do ponto de concepção inicial da igreja, e considera a sua evolução inerente ao desenvolvimento bíblico dos dons, desde os tempos apostólicos até hoje.
Bibliografia
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[1] CARSON, D. A. A manifestação do Espírito: a contemporaneidade dos dons à luz de l Coríntios de 12-14. São Paulo: Vida Nova, 2013. p. 23.
[2] FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 856.
[3] Ibidem, 2007, p. 857
[4] RUTHVEN, Jon Mark. Sobre a Cessação dos Charismata: A polêmica cessacionista sobre os milagres pós-bíblicos. Rio Grande do Norte: Carisma Editora, 2017
[5] Ibidem, 2017.
[6] MASTERS, Peter. Cessacionismo: Provando Que Dons Carismáticos Cessaram. [S.l.: s.n.], 2014. Disponível em: http://www.oestandartedecristo.com. Acesso em: 15 abr. 2018. n.p.
[7] RUTHVEN. Op cit.,p. 46.
[8] HODGE, A. A. Confissão de Fé Westminster Comentada por A. A. Hodge. 2ª. ed. São Paulo: Os Puritanos, 1999. p. 49.
[9] MACARTHUR, John JR. O Caos Carismático. São Paulo: Fiel, 1992. p. 94.
[10] Ibidem, 1992, p. 92.
[11] Ibidem, 1992, p. 94.
[12] SCHWERTLEV, Brian. O Movimento Carismático e as Novas Revelações do Espírito. São Paulo: Os Puritanos, 2000. p. 44.
[13] Ibidem, 2000, p. 47.
[14] Ibidem, 2000, p. 54.
[15] MACARTHUR. Op cit.,p. 308.
[16] FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007. P. 857.
[17] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 538.
[18] STOTT, John R. W. Batismo e Plenitude do Espírito. 2ª. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986. p. 75.
[19] BERKHOF. Op cit.,p. 538.
[20] Ibidem, 2000, p. 583.
[21] LOPES, Hernandes Dias. Efésios. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 109.
[22] FERREIRA. Op cit.,p. 857.
[23] Ibidem, 2007, p. 904.
[24] SCHWERTLEY. Op cit.,p. 37.
[25] Ibidem, 2000, p. 48-49.
[26] MACARTHUR. Op cit.,p. 21-22.

C.O.O | AUTOR | EDITOR | PROFESSOR – Fabrício Rodrigues dos Santos é formado em Teologia pelo Seminário Cristão Evangélico do Norte (SCEN). Mestrando em Pregação e Ensino das Escrituras pelo SCEN. Graduando em Gestão da Tecnologia pela ESTÁCIO. Tem formação complementar na área de Homilética pela FABAPAR, Pensamento Computacional pelo SEB/MEC e Cultura Digital na Educação pela MACKENZIE. É e professor da área de estudos bíblicos e analista de sistemas do Seminário Teológico Batista em São Luís (STBSL). Professor da área de teologia prática e gestor de tecnologias e suporte educacional do SCEN. Diretor de Operações C.O.O do Eclesy Digital Mission e atua diretamente em tecnologias e soluções para facilitação da educação com ênfase em estudos bíblicos. Exerce o ministério pastoral na Igreja Batista em Jordoa – São Luís/MA.