Existe no mercado literário brasileiro e mundial, uma enxurrada de livros que tratam sobre o crescimento da igreja, oferecendo várias fórmulas e sugestões para se alcançar o sucesso em número de adesões.

Este material de certa forma é fruto de uma sintonia entre a igreja e a cultura atual, onde falar a mesma língua garante ser entendido e ser também aceito. Todavia, isto significa na verdade, um sinal de alerta para as igrejas que de fato zelam pela Bíblia, de que alguma coisa de incomum está acontecendo.

O QUE É O MUNDO PÓS – MODERNO

Na verdade ainda não se sabe o que é isto, sabe-se apenas que se trata de algo novo que surgiu como efeito do iluminismo e do humanismo surgidos na era moderna. São, no entanto, dois mundos tão diferentes entre si que se tornam paradoxal embora o pós-modernismo seja fruto do modernismo.

A prova está no fato de que enquanto no modernismo a ciência dava a última palavra sobre a razão, no pós-modernismo tudo é subjetivo, inclusive o que diz respeito a razão e a ciência. Do mesmo modo o modernismo tinha um compromisso com a verdade e com a certeza, enquanto no pós-modernismo o que vale é a pluralidade de opiniões e a tolerância com todas as verdades.

É verdade que todas as épocas tem seus progressos e suas vantagens, contudo, é válido perguntar como está a família no meio dessa era que ainda está em definição e sem uma característica própria?

Como a família vai sobreviver numa era onde não há padrões definidos na sociedade? E a igreja, como está reagindo diante desta realidade? Será que existem bases onde a igreja possa se dirigir levando consigo as famílias que a compõem?

Alguns portos seguros são identificados na Palavra de Deus que servem para nos guiar nesta era indefinida e confusa:

  • O primeiro é ser totalmente identificado com a vida de Jesus, tanto no exemplo como no ensino deixado por ele;
  • O segundo é abandonar aquele conceito modernista onde o sagrado é diferente do secular e transformar o que está em volta em sagrado;
  • O terceiro é viver como corpo de Cristo de fato, como uma comunidade separada por Deus.

Esses conceitos não são novos, sempre existiram no meio da igreja, contudo, com o movimento pós-moderno houve um abandono gradual deles, de maneira que a igreja parece estar simplesmente assistindo as transformações acontecerem sem tomar uma atitude.

Mas que atitude tomar? O que fazer diante de tantas mudanças? A palavra chave para transformar essa realidade é o inconformismo. Isto quer dizer em outras palavras que a igreja deve conduzir as famílias para uma atitude que não seja nem de fugir nem de se conformar, mas de se posicionar diante da realidade.

Quando Deus diz: “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 11.45; 1 Pe 1.15,16), ele está nos chamando para uma atitude que não toma a forma do mundo, mas que sobrepõe-se sobre tudo que o mundo oferece.

Esta é a resposta de Deus para o mundo pós-moderno, não sujeitar-se à forma do mundo, mas diante da cultura predominante, desenvolver uma postura cristã, envolvida com o mundo, mas sem estar comprometida com suas formas.

PERIGOS QUE CIRCUNDAM A FAMÍLIA NO PÓS-MODERNISMO

Vivemos a era do paradoxo pois se por um lado o mundo está todo conectado, onde tudo se passa ao vivo, por outro lado nunca a solidão foi mais presente que nestes dias. Se na tela do computador é possível chegar a qualquer lugar do mundo, as pessoas vivem cada vez mais presas em suas casas.

O pós-modernismo trouxe a evolução e a liberdade de pensamentos na mesma proporção que trouxe a desconfiança, o medo, a dúvida, o desespero, a rejeição o desânimo e a falta de esperança.

É neste cenário que todos convivem, cristãos, ateus, agnósticos, satanistas, e é nesse mesmo cenário de caos que nossas famílias estão inseridas. Isto gerou um contexto que antes era de cooperação, numa sociedade arredia e hostil.

O que antes era bem entrelaçado, foi aos poucos deixando escapar alguns fios, de maneira que, hoje parece que todos os fios estão soltos e o tecido social está se desmanchando cada vez mais rápido.

Toda vez que o tecido social está sendo rasgado, ouve-se o seu som no desespero de uma família que perdeu um filho assassinado, na frustração de um pai que vê a filha adolescente engravidar do namorado, ou no ódio de um filho que agride o pai por não ter seus desejos atendidos.

Este é o contexto onde a família cristã está inserida, estas são as marcas da pós-modernidade, e é inseridos neste contexto que precisamos fundamentar as bases de nossas famílias. Devemos lembrar todavia que estas marcas tem nome.

Diante desta realidade é determinante que conheçamos as doenças que afligem o nosso tempo para que possamos combate-las da forma correta.

A POSIÇÃO DA FAMÍLIA NO MUNDO PÓS-MODERNISMO

Até algum tempo atrás o divórcio era um tema impopular na nossa sociedade, hoje no entanto, é tão fácil separar-se quanto trocar de celular, isto porque progressivamente os princípios pós-modernos foram estabelecendo suas bases em nosso meio.

Algumas características são marcante na nova família baseada nestes princípios:

  • As famílias abriram mão conceito de sagrado, por isso se divorciam de forma arbitrária;
  • O desrespeito aos pais e as autoridades como um todo;
  • O aumento da promiscuidade, da rebeldia e da delinquência;
  • A rejeição dos padrões tradicionais de família formada por pai, mãe e filhos;
  • A tolerância ao erro, como o namoro incorreto, a fornicação e o adultério.

As famílias que aceitam realidades como estas em seu meio, estão caminhando a passos largos para o seu fim, pois as fragilidades morais que a sociedade enfrenta hoje tem sua raiz em grande medida no desequilíbrio familiar.

Por isso que a igreja se torna tão determinante pois à luz da Bíblia encontramos o significado real da família. Não podemos dizer que existe a família perfeita, mas encontramos na Palavra de Deus os princípios que tanto precisamos para termos famílias fortes, igrejas relevantes e uma sociedade equilibrada. À luz da Bíblia podemos ter famílias:

  • Que não tem medo de se comunicar, conversar de forma franca e honesta (Ef 4.29);
  • Estudam a Bíblia juntos e praticam os seus ensinos (Dt 6.6,7);
  • Conhecem a importância da família à luz da Bíblia (1 Pe 3.1-7);
  • São espiritualmente maduros para resolver seus problemas (Ef 4.32);
  • Entendem o que significa honrar uns aos outros (Ef 6.2,3);
  • Lutam e defendem uns aos outros (Fp 2.3);
  • Passam tempo juntos, demonstram confiança e tem prazer em estar juntos.

Não existem segredos nem fórmulas secretas para a satisfação e a felicidade, na família, o caminho é conhecer e obedecer a Palavra de Deus. Portanto, nestes dias em que as ideias diabólicas do pós-modernismo tem atacado diretamente as famílias, que possamos nos unir de tal modo que pela Palavra do Senhor possamos fortalecer a igreja através de nossas famílias, pois assim estaremos honrando o nome do nosso Senhor que nos criou para que o honremos através de nossas vidas. Louvado seja Deus.

Otoniel Oliveira
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