“Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”

Mateus 28:16-20

“Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo.”

João 17:18

Pesquisas, intercâmbios, conferências e troca experiencias no campo dão conta de panoramas diferentes, mas iguais no que diz respeito as dificuldades, problemas, limitações e omissões no trabalho missionário no mundo.

Missões no mundo

Há 24.000 povos no mundo dos quais 8.000 precisam ser alcançados. Há 6.287 línguas no mundo e 4.500 delas não têm nenhuma parte da Bíblia traduzida. Morrem 85.000 pessoas a cada dia sem nunca terem ouvido de Cristo.

Missões no Brasil

Investimos, em média, somente R$ 1,30 por pessoa por ano em missões transculturais. Somos a terceira maior igreja do mundo e lamentavelmente precisamos de 100.000 crentes para sustentar um missionário nos lugares de perseguição e dificuldades extremas. A condição da igreja brasileira é a seguinte: em cada 100 membros, em média, encontramos 3 crentes que amam missões.

Por que a grande comissão está se transformando em a grande omissão?

  1. A maioria dos crentes das igrejas conhecem os textos bíblicos, porém não estão apaixonados por eles.

Se não estamos encharcados pelas verdades que cremos, nossas ações não têm muito impacto. Os textos precisam preencher nossos corações. E preciso ter paixão por aquilo que cremos.

  1. Os pastores mesmos não estão comprometidos com a grande comissão.

Nos EUA, o Group Barna menciona em sus pesquisa que 51% dos americanos de igrejas evangélicas nunca ouviram pregações sobre a Grande Comissão e 25% ouviram um pouco. Se o pastor não se envolver (não clamar por seus vizinhos, seu bairro, sua cidade, seu país, o mundo), a igreja que ele dirige não se envolverá com essa tarefa. Quando isso acontece a igreja enxerga a grande comissão como uma tarefa exclusiva dos missionários. Por isso que, hoje, a tarefa de missões foi terceirizada a organizações.

  1. Muitos crentes não creem que os incrédulos estão perdidos. Muitas igrejas praticam uma teologia que não requer a proclamação do evangelho ao mundo.

Segundo Romanos 10.10-15 a reponsabilidade de todos, todos são chamados para proclamar.  “Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação. Como diz a Escritura: Todo o que nele confia jamais será envergonhado”. Não há diferença entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam, porque “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: “Como são belos os pés dos que anunciam boas-novas!”

  1. Algumas igrejas, líderes e pastores cumprem a Grande comissão parcialmente.

Algumas igrejas enfocam o evangelismo, mas falham no ensino aos crentes. Outras enfatizam o discipulado interno, mas não evangelizam. Algumas buscam sua comunidade local, mas não se preocupam com as nações.  Outras se especializam nos que estão longe, mas perdem de vista os que estão perto.

Precisamos dar mais atenção nessa (má) condição porque muitos de nós obedecemos a Grande Comissão parcialmente, mas obediência parcial também é desobediência de alguma maneira.

  1. Muitos pastores e líderes falam para os membros de suas igrejas que eles devem praticar a Grande Comissão, mas não ensinam como fazer.

Treinamento não e só em ocasiões especiais, e toda semana, todo mês, todo ano, a vida toda, todas as vezes que usamos nossos púlpitos. Os crentes precisam enxergar tudo o que está a sua volta como oportunidades de cumprir a Grande Comissão. Portanto, precisam de ensino.

  1. Os membros de nossas igrejas e até os pastores conhecem poucos missionários, não recebem informações sobre o campo, não sabem como estão sendo usados os recursos.

Falta interesse? Falta de informação? Acomodação? Falta motivação? Qual é a verdadeira realidade?

  1. As igrejas estão confundindo transferência com crescimento.

Resultado do trabalho na Grande Comissão se mede com conversões. O crescimento que podemos avaliar quando não há conversão é do amadurecimento de caráter, conhecimento bíblico, santidade de vida etc. MAS ESSE CRESCIMENTO TEM QUE REDUNDAR EM EVANGELISMO E MISSÕES.

8- Ensino acadêmico

Hoje temos uma deficiência (desapercebida) nos nossos seminários e universidades teológicas. Muitos professores de ministério pastoral não têm experiência pastoral. Muitos professores de missões não têm experiência no campo missionário não conhecem outro idioma, não conhecem outra cultura, não conhecem outros estados e países. Fica no campo teórico o ensino sem a vivência e experiencia nas dificuldades reais do campo, o que forma pensamentos de igual modo teóricos.  Como ensinar sobre desafios financeiros sem nunca passar pela prova de ter que levantar recursos para o auto sustento ou do sustento outros missionários. Alguém já disse: “Não se ensina aquilo que não aprendeu”

Um diretor da JOCUM comenta: “Somente alguns teóricos têm coordenado e direcionado o processo missionário em nossa nação, em detrimento de uma participação mais ampla de uma camada de práticos em missões. Vejo que muitos acadêmicos em missões são teóricos alienados da realidade missionária. A maioria não tem comprometimento com a obra missionária e outros são verdadeiros críticos de missões transculturais.”

Diante dessa realidade o que vemos são líderes sem conhecimento real de missões e plantação de igrejas e que não se preocupam com a Grande Comissão, e muito menos a ensina.

Concluo fazendo uma proposta a pastores, seminários e igrejas:

  1. Assumamos um compromisso de oração e intercessão pelos pastores brasileiros, a fim de que eles se envolvam com missões.
  2. Oraremos pelos líderes de missões, para que tenham discernimento do Senhor para trabalharem o problema ao invés de gastar tempo com coisas irrelevantes.
  3. Creio que líderes, pastores, igrejas e organizações missionárias devem trabalhar juntos buscando expandir o Reino do Deus, e não o próprio reino.
  4. Cuidemos da formação teológica de nossos futuros pastores e missionários, para o foco seja a proclamação do Evangelho e não os embates teológicos que nada acrescentam ao Reino de Deus – muito pelo contrário desagrega.
  5. Falemos mais sobre missões, ensinemos mais sobre missões, preguemos mais sobre missões, invistamos mais em missões.

6.-Peçamos perdão a Deus pela grande omissão.

Sandro Pereira
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Luiz Bernardo evangelista dos Santos
2 anos atrás

A grande omissão. Tema da sua mensagem na assembleia da CBM no colégio Batista Daniel de la touche ano 2019.